domingo, 28 de fevereiro de 2010

Baile à antiga


Foto enviada por Jaime Louro

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Oferendas


Foto enviada por Jaime Louro
Reparem nos escombros da capela que ainda estava a ser demolida. A torre, essa, mantem-se intacta.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

As mulas da cooperativa

Já estava à espera deste material há algum tempo e felizmente não fiquei desiludido. Jaime Louro um vilanovense radicado na cidade brasileira de São Paulo resolveu enviar algumas fotos do seu acervo pessoal. A riqueza e qualidade das fotografias merecem um lugar de destaque neste blog e farão certamente as delícias de quem se interessa pelo nosso passado.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Santo ofício

Como aqui referi em posts anteriores, encontrei um documento que relata o julgamento de um habitante de Vila Nova perseguido pela Inquisição. O texto é bastante extenso e difícil de traduzir. Quer dizer, difícil para mim, porque felizmente conheci Nuno Silva, um Engenheiro Informático com família de Vila Nova que é , tal como eu, um apaixonado da história desta terra.
O mais espantoso é que Nuno Silva conseguiu traduzir quase metade do documento trazendo à luz do dia um episódio com 325 anos. Ele fez um trabalho notável que merece o reconhecimento de todos os vilanovenses. Da minha parte deixo aqui o meu obrigado.












Transcrição de Nuno Silva

João Francisco 1685
Proceso de João Francisco trabalhador natural do lugar de Outeiro freguezia da Carapinheira e morador no de Villa nova freguezia do de Outil termo desta cidade.
5557

João Francisco trabalhador de Enxada
Proceso de João Francisco trabalhador Natural do lugar de Villa Nove de Outil termo desta cidade

Culpas contra João Francisco trabalhador natural de Villa Nova de Outil termo da cidade de Coimbra. Do testemunho que nesta Inquisição deu Pedro Rodrigues solicitador da mesma o qual anda no proceso de Francisca Rodrigues meia ? solteira filha de Manoel Rodrigues boticario natural e moradora de Montemor o velho. Aos outo dias do mes de Janeiro de mil e seiscentos e sesenta e seis anos em Coimbra na caza do despacho da Santa Inquisição estando ahi em audiencia de menham o senhor Inquisidor Manoel Pimentel de Souza mandou vir per ante si a Pedro Rodrigues solicitador desta Inquisição por elle pedir audiencia se sendo prezente por dizer que tinha que denunciar nesta meza lhe foi dado juramento dos santos evangelhos em que pos a mão sob cargo do qual lhe foi mandado dizer verdade e ter segredo o que elle prometeu cumprir e dise ser e trinta e quatro annos de idade e que o que tinha que denunciar era que havera quatro dias e foi em os quatro deste corrente mes se lhe mandou e ordenou por esta meza que fose a Villa nova de Anços prender de parte do Santo Oficio a Catherina Rodrigues e Francisca Rodrigues irmãs solteiras christans novos filhas de Manoel Rodrigues boticario e Maria Pinto por dizer que os mesmos havião fugido da Villa de Montemor donde eram naturais e moradores

A ditta Villa de Villa nova de Anços ou o lugar onde fossem achadas as dittas molheres, e pondosse elle denunciante no ditto dia em caminho para fazer a ditta deligencia soube que as mesmas erão passadas adiante em caminho de se embarcar em huns dos portos de Francis ou barquinha e porseguindo o ditto caminho que hia em direitura a avenda do Paes alvo não sabe donde he termo mas entende que dista desta cidade e da Villa de montemor doze pera treza legoas , e não sabe o nome do vendeiro em cuja caza estavão as quais hião com caza movida, pello que entende do fato que levavão em dois ou tres carros em companhia das quais hia outra sua meia irmam chamada Maria Coelha que todas tres trouxe elle denunciante a esta Inquisição, e as entregou nelle em os outo deste prezente mes e pello modo e lugar em que achou as dittas molheres fato que levavão e caminho que seguião, e conforme as ordens que nest meza lhe forão dadas entende elle denunciante que ellas dittas tres irmas se auzentavão de sua patria com temor de serem prezas por esta Inquisição, e do sobre ditto sabe António Domingues homem do meirinho desta Inquisição que tambem entende hia em seguimento das dittas molheres, e António Gomes boticario da Villa de Montemor e cunhado das mesmas as quais

Acompanhavam e levavam em seus carros António Fernandes Caldeira e João Francisco não sabe donde moradores mas entende são de um lugar que dista huma legoa de Villa de Montemor e outras pessoas que no ditto tempo estavão na mesma venda, a quem não sabe os nomes por serem pasageiros e que isto era o que tinha que denunciar nesta meza por entender era obrigado a fazello por descargo de sua conciencia e mais não disse e do costume nada e sendolhe lida esta denunciação dise estar escrita na verdade e asinou aqui com o ditto Senhor Inquisidor Sebastião Baptista Pereira o escrevi Pedro Rodrigues Manoel Pimentel de Souza

Outra culpa contra este Reo
Do testemunho de António Domingues homem do meirinho desta Inquisição o qual anda junto ao mesmo proceso de Francisca Rodrigues atras confrontrada E logo no ditto dia mes e anno o ditto senhor Inquisidor mandou vir per ante se a António Domingues homem do Meirinho desta Inquisição referido pello denunciante Pedro Rodrigues e sendo presente lhe foi dado juramento dos santos evangelhos em que pos a mão sob cargo de qual lhe foi mandado dizer verdade e ter segredo o que elle prometeu de cumprir e de idade dise ter de trinta e hum annos pouco mais ou menos. Perguntado se sabe ou suspeita o pera que he chamado e se lhe dise alguma pesoa que sendo perguntado em negocio do Santo Oficio dicese mais ou menos do que soubese e fose perguntando. Dise que não sabe o pera que he chamado mas que entende o seria pera dizer o que sabe a cerca da fugida e auzencia de humas molheres da Villa de Montemor o Velho que (ilegível) que depois forão prezas por esta Inquisição ele o seguinte que havera sinco dias e foi em hum Domingo tres deste corrente mes foi elle a Villa de Montemor o Velho por mandado desta meza levar humas cartas a Francisco Lopes criado Arcipreste da mesma villa, e que quando se lhe derão as dittas cartas lhe disserão os senhores Inquisidores que havia de trazer e acompanhar humas prezas que havião de vir da mesma villa pera esta Inquisição, e dando elle as dittas cartas ao ditto Arcipreste, e passadas algumas horas voltou elle testemunha com resposta, e della resultou mandarem lhe os senhores Inquisidores que ? a pressa fosse ao caminho que vai de Villa Nova de Anços pera Lisboa, e nelle ou onde fossem achadas Francisca Rodrigues, e Catherina Rodrigues irmãas

Irmãas de hum boticario da villa de Montemor, cujo nome não sabe as prendese da parte do santo oficio pera o que lhe derão mandados, e se diser que hião fugidas, e pondosse elle testemunha no ditto caminho e foi seguindo atte hegar as vendas da Chocharia adonde ja achou a Pedro Rodrigues solicitador desta Inquisição que tinha prezas as dittas Catherina Rodrigues, Francisca Rodrigues, e Maria Coelha meia irmaa das mesmas que tambem hia fugida em sua companhia, e que se dezia hião todas em direitura a Barquinha, perto do Tejo pera Lysboa as quais levavão seu fato e roupa em dois carros os quais erão de António Fernandes Caldeira, e João Francisco moradores em huns lugares a que não se sabe os nomes mas são junto de Montemor, e que estas são as pessoas que sabem da ditta fugida como tambem António Gomes boticario da Villa de Montemor que foi cunhado das mesmas ainda que elle testemunhas não falou com elle, e pello ditto modo com que as dittas molheres, se auzentarão de sua patria e pressa com que hião fato que levavão, e ordens que elle testemunha levava, entende que as dittas molheres hião fugidas com medo e temor de serem prezas pello santo oficio, em rezão que por parte do mesmo se havião feito algumas prisões na ditta villa de Montemor as quais molheres veio elle acompanhando com o ditto

Pedro Rodrigues te serem recolhidas nesta Inquisição. E mais não disse nem lhe forão feitas mais perguntas e do costume disse nada e sendolhe lido este seu testemunho disse estava escrito na verdade e asinou aqui com o ditto senhor Inquisidor Sebastião Baptistas Pereira o escrevi Antonio Domingues Manoel Pimentel de Souza Os quais testemunhos tresladei bem e fielmente dos proprios com que concordão, o que me reporto e concertei este treslado com o notario abaixo assinado em presença do Premotor deste Santo Oficio certefico estarem rateficados em seus originais em fee do que passe a presente que assinei Coiombra no Santo oficio Simão Nogueira o escrevi
Simão Nogueira
Consertdo comigo notario
Manoel dos Santos

Certeficação do decreto
Certefico eu Simão Nogueira notario do santo oficio desta Inquisição de Coimbra que pera effeito de pasar a presente prova o proceso de António Fernandes Caldeira lavrador natural do lugar de da Carapinheira, morador no de Palhares termo de Montemor o Velho, na primeira parte delle esta hum asento dos senhores Inquisidor, do qual consta decretarem os dittos senhores que este Reo fose prezo sem secresa? de bens, e lhe asinão por carcere esta cidade de Coimbra. E ao ditto asento me reporto em fe? do que pasei a presente que asinei Coimbra no Santo Oficio
Simão Nogueira

João Francisco trabalhador de inxada
Processo de João Francisco trabalhador natural do lugar de Vill nova de Outil termo desta cidade.

Confissão
Aos desanove dias do mes de fevereiro de mil e seis centos e sesenta e seis annos em Coimbra na caza do oratorio da santa Inquisição estando ahi em audiencia de manham o senhor Inquisidor Manoel de Moura mandou vir per ante si a hum homem que na cadea desta cidade esta retido. E sendo prezente lhe foi dado o juramento dos santos evangelhos em que pos a mão sob cargo do qual lhe foi mandado dizer verdade e ter segredo o que elle prometeo cumprir e disse chamarse João Francisco trabalhador de Inxada natural do lugar de Villa nova de Outil termo desta cidade de idade de trinta e hum annos. Perguntado se sabe ou sospeita o pera que ? he mandado vir nesta caza da cadea aonde esta e se lhe disse algua pessoa que vindo ao santo oficio dissesse mais ou menos do que soubesse e fosse perguntado disse que nenhua pessoa lhe disse em que vindo nesta meza dissesse algua couza contra a verdade. E que sospeitava fora mandado vir nesta por ocazião de haver acompanhado a tres christans novas que da villa de Montemor se auzentavão pera a cidade de Lysboa. E que o que passa na verdade a cerca haver acompanhado as tres christans novas he o seguinte Que no primeiro dia do mes de janeiro deste prezente anno estando elle declarante no dito lugar de Villa nova de Outil pellas doze horas do dito dia chegou ao mesmo lugar João Francisco trabalhador de Inxada o Abrunheiro de alcunha natural e morador do lugar da Carapinheira termo da villa de Montemor o Velho o qual lhe disse a António Francisco Paes? delle declarante que sua comadre Francisca Rodrigues a Boticaria da dita villa de Montemos e suas irmans Catherina Rodrigues e outra a que chamão a Coelha não lhe soube
o nome lhe mandavão pedir que logo logo fosse

verse com ellas e vindo ele pera caza lhe disse o dito s? este recado d? ? molheres a noite do dito dia a tempo que no mesmo lugar e caza do mesmo s? chegou Francisca solteira criada das ditas molheres com segundo recado das mesmas pella qual lhe mandou dizer que sem reparar em inconveniente algum não fizesse demora em ir a verse com ellas por que tinhão grande necessidade de que elle se visse com ellas o mais breve que fosse possivel por quanto não perderia nada do seu trabalho indo logo como lhe pedião. E vendo elle declarante que era obrigado a ter bom termo com as ditas molheres por ser compadre da dita Francusca Rodrigues como tem dito no dia seguinte depois de despedir a criada e lhe haver mandado dizer pella mesma que hia como lhe pedião foi a dita villa de Montemor a caza das ditas molheres as quais lhe disserão que seu Irmão Estevão Coelho Boticario da dita villa na mesma havia tido hua briga
com certo? Homem não sabe qual e pello haver ferido fugira pera Lisboa por não ser prezo e que da dita cidade lhe escrevera que logo com caza mudada se fossem pera a dita cidade sem fazer nem detença algua por que assim importava e que pera effeito de porem em execução a dita jornada se querião valer delle assim pera as acompanhar como pera lhe buscar carros e todas as
mais couzas necessarias pera poderem fazer aquella jornada com muita brevidade e segredo por que assim lhe convinha pella sobredita rezão mas que nunca lhe disserão que tinhão outro motivo de se auzentar mais que o da briga do dito irmão e ordenarlhe este que se auzentassem e logo no dia que se contarão dous de janeiro que foi em que elle declarante chegou a Montemor o mandarão dahi a Villa Nova de Anços alugar dous carros, o que elle fez alugando cada hum por mil e quinhentos reis, um delles a Manoel João e o um a hum sargento da ordenança da mesma Villa Nova de Anços cujo nome não sabe e deixando ajustado com os ditos carreiros que no dia seguinte ao amanhecer estivessem os carros prontos pera fazer jornada por assim ser ordem das ditas molheres e elle se partiu com a noticia a Montemor aonde em caza das dittas molheres estava António Fernandes Caldeira cunhado de elle declarante cazado com sua irmam Izabel Francisca morador na Carapinheira tendo ahi tambem hum seu carro no qual tres ou quatro horas antes de amanhe amanhecer mandavão as sobreditas molheres carregar o fato que ia tinhão enmouxado e levado a um Barco que estava no Rio pompto pera recebello não sabe o nome do Barqueiro nem a parte de onde era o dito Barco por ser ainda de noite e ? ia o fato no dito barco tornou o carro a Montemor a buscar as ditas molheresas quais com grande cilencio e com a mayor cautella que foi possivel ser se dependerem de pessoa algua na sua vezinhança se por não no mesmo carro com que forão até o Rio adonde se embarcarão com o dito fato e ali pedirão a o dito seu cunhado que as acompanhasse tambem prometendo de lhe pagar na mesma forma que pagassem a elle declarante o que elle aceitou por quanto a paga que ache

Declarante prometerão era que lhe havião de dar de comer e fora isso hum tostão por dia e tornarem elles a suas cazas e logo dali mandou o dito se cunhado o carro por hum rapas pera a Carapinheirae em companhia das ditas molheres com elle declarante se forão no dito Barco te a dita Villa Nova de Anços aonde chegarão ao amanhecer e acomodadas as ditas molheres em hum
carro e todo o fato em outro do que ali tinhão alugados e promptos, começarão a jornada no dito dia dos tres de janeiro peitardo? com darem bem de comer aos ditos carreiros pera que fizessem andar os bois com grande brevidade e assim andarão aquelle dia em cuja noite pouzarão na venda do Crespo e na seguinte dos quatro do dito mes nas vendas das Cacharias

Saudades lá da terra

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Vila Nova de Outil 1758

Há alguns meses publiquei neste espaço um documento datado de 1758 que descrevia ao pormenor a Freguesia de Outil. Interpretei-o como pude devido à caligrafia por vezes pouco legível. Felizmente, o nosso caro amigo Nuno Silva conseguiu não só "traduzí-lo", como ainda encontrou as perguntas feitas pelo Marquês de Pombal a todas as povoações do país.

Aqui fica o meu sincero obrigado pela ajuda.







Um aviso de 18 de Janeiro de 1758 do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, Marquês de Pombal, fazia remeter, através dos principais prelados, e para todos os párocos do reino, os interrogatórios sobre as paróquias e povoações. Desse Inquérito fez parte um questionário muito completo, que se dividia em três partes : descrição geral da freguesia, descrição da serra e descrição do rio (estas duas últimas partes só seriam preenchidas no caso de haver serra ou rio), para além da questão dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de Novembro de 1755.

O questionário foi o seguinte:

1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e freguesia pertence?
2. Se é d’el-Rei, ou de donatário, e quem o é ao presente?
3. Quantos vizinhos tem, e o número de pessoas?
4. Se está situada em campina, vale, ou monte e que povoações se descobrem dela, e quanto distam?
5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem?
6. Se a Paróquia está fora do lugar, ou entro dele, e quantos lugares, ou aldeias tem a freguesia, e todos pelos seus nomes?
7. Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem; se tem Irmandades, quantas e de que santos?
8. Se o Pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem?
9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta?
10.Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros?
11.Se tem hospital, quem o administra e que renda tem?
12. Se tem casa de Misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver de notável em qualquer destas coisas?
13. Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro ou fora do lugar, e a quem pertencem?
14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes?
15. Quais são os frutos da terra que os moradores recolhem com maior abundância?
16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta?
17. Se é couto, cabeça de concelho, honra ou behetria?
18. Se há memória de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas?
19. Se tem feira, e em que dias, e quanto dura, se é franca ou cativa?
20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde ele chega?
21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do Reino?
22. Se tem algum privilégio, antiguidades, ou outras coisas dignas de memória?
23. Se há na terra, ou perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas tem alguma especial virtude?
24. Se for porto de mar, descreva-se o sitio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir?
25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade dos seus muros; se for praça de armas, descreva-se a sua fortificação. Se há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que estado se acha ao presente?
26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê, e se está reparada?
27. E tudo o mais que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
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(Tradução: contém erros e imprecisões)

Resposta aos interrogatórios a bem do serviso de S. Magestade Fidelis da freguesia de Sta Maria Magdalena do couto de Outil
1 Fica na Provinsia da Beira, parte da freguesia no termo de Outil, q he este mesmo lugar, e parte, q he Vila nova no termo de Coimbra, de cujo Bispado são.

2 Ao prezente é Senhor Donatario de Outil João Corrêa Sá, da Ex.ma Caza d'Alfêca

3 Tem a freg.a cento e des vezinhos, Outil com sincoenta e sinco, e Vila nova com outros tantos, e quatro centos e oitenta pesôas

4 Esta situada em monte e se descobrem ao Sueste Coimbra em distansia de tres légoas, Sta Cruz do Busako em quatro legoas ao Leste; mais a Nordeste Povoa da Lomba em um quarto de legoa; Ourentã e Cordinhã em uma légoa; ao Norte Cantanhede meia legoa, Porcarisa hua légoa; meia legoa ao Cauro Lemêde; mil pasos ao Tavonio Vila nova de Outil, ou ao Sudueste.

5 He termo de Outil, tem sincoenta vezinhos; e não tem mais lugar q ele só; Vila nova é termo de Coimbra

6 A Parókia está pegada com o lugar de Outil, tem dois lugares Outil e Vilanova este com sesenta vezinhos, e termos de Coimbra como fica dito.
7 Desta Parókia é Orago Patrona e Titular a Sra Sta Maria Magdalena; a igreja é de uma só nave, com tres altares; na Capela mor o do Santisimo Sacramento com a devota imagem de N. Sra da Alegria, a da Padroeira, a de Sta Ana, a de Sto Amaro.
No altar colateral da parte do evangelho estão as devotas imagens de N. Sra do O de quem é o altar, a de S. Jozé, a de Sto Ignacio Martir, a de S. Bras e a de Sta Luzia; da parte da Epª ao altar chamado de Jezus, au das Almas, com veneravel imagem de Cristo Sr nosso crucificado, S. Matheus, S. Sebastião, e S. Antonio e na pareda da parte do Evangelho a esfigie de S. Cristovão tem duas irmandades, huma do Santisimo Sacramento e outra das Almas, duas mordomias, hua de N. Sra do Ó, outra da Sra Sta Maria Magdalena, em Vila nova tem outra Mordomia de N. Sra da Esperança, q se faz por devoção.

8 O Paroco é hum Prior; aprezentado pelo Senhorio deste Couto e tem de renda duzentos mil reis, tem cazas de rezidencia e passeios

9 10, 11, 12 Não há q dizer

13 Tem Outil duas ermidas a de S. Paulo, fora do lugar 800 pasos, e é do Povo; e a de Sta Rita à entrada do lugar, é administrador desta Francisco Jozé Nogueira deste couto; O lugar de Vila nova tem dentro em si uma ermida de N. Sra da Esperança, e as devotas imagens de N. Sra, S. Miguel e S. Sebastião, e é do povo.

14 Em vinte e dois de Julho, dia em que se festeja a Padroeira comcorrem a esta Igreja com cruz alçada e guiões huma prosisão de Portunhos e outra de Cordinhã, com suas esmolas, q as Justisas mandão tirar, as quais acompanhão a prosisão com insignias no mesmo dia concorrem os povos desta vizinhansa com suas ofertas por ser esta Sta advogada contra o gorgulho nos celeiros

15 A maior abundancia de frutas são trigo, e milho, azeite e vinho mediocre.

16 Tem seus ordinº, orfãos, almoraçaila e Direitos reais, tudo anexo à mesma vara, com escrivão do Judicial e notas, oficiais da Camara Procºs, vereador escrivão da camª de q o Juis he Prezidente, fazem o corpo da camª nove homens, os tres q acabarão de servir, os atuais e tres q se elegem, tem hum jurado q dê conta dos cazos crimes ao Juis do crime de Coimbra, as apelações civeis se remetem imediatamente para a Relação do Porto, e os agravos para o corregedor e Procurador de Coimbra respectivo; tem cadeia q he a caza d'audiencia, cayxa dos orfãos e pelouros para as justiças q confirma o Senhorio deste couto. Em Vilanova tem hum juis opidano, com seu escrivão e Procurador, sugeito ao Juis de fora de Coimbra.

17 Hé couto: o S Rei D Manoel lhe deo foral, em mil e quinhentos e dezanove.

18 e 19 nada que se diga

20 Não tem correio, mas serve se do de Coimbra, q dista tres légoas.

21 Dista de Coimbra, Capital do Bispado, tres légoas ao Cauro, ou Nordeste, e de Lisboa Capital do Reino trinta e sete légoas ao Boreas, ou Aquilão.

22 Em mil e quinhentos e dezanove, como ja se dise, lhe deo foral o S. Rei D. Manoel de glorioza memoria; he tradição q a porta do pateo do Senhorio havia um cadeado, q o que se pegase a ele fugindo à Justiça o não podião prender

23 Fora do lugar tem hua fonte subterranea donde o povo se serve; chamada a fonte do corvo por hum a descobrir, outros lhe chamão fonte coberta, por ser de abóbada por modo de cisterna obra antiga / he tradição das velhas q no centro tem huma mina ou thezouro / alguns annos tambem se seca por Agosto.

24 Nada de consideração

25 Tem huns pardieiros mui altos a q chamão a torre, ou castelo, com hum pateo, e sua cisterna, e seleiro, e pertence ao Donatario

26 Não padeceo ruina no terremóto

Em Vila nova he tradição, q ouvera hum mosteiro de Religiosas da Ordem do Doutor Melifluo S. Bernardo, de q não há indicios; só o pagarem fé foros às Religiosas do Convento de Célas, junto a Coimbra, q são da mesma ordem; neste destrito no sitio das Estorcadas, ha hum foso cuja boca he como de hua dorna, excure a agoa de hum vale, da chuva, e nunca se enche, nem se sabe
donde sahe.

Do Rio nada, nem da Serra,

Outil doze de Abril de mil de mil e sete centos e sincoenta e oito anos.

O Prior Onófre Marques da Silva

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A ver o tempo passar

Albertino Coelho, Joaquim Leitão, Ti Chico da Fonte

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010