sábado, 12 de dezembro de 2009

Pedra de Ançã

António Bracons

A pedra de Ançã é uma pedra branca, sem veios, muito macia, o que a tornou preferida pelos escultores, desde o século XIV. As obras realizadas espalham-se por todo o Portugal, grande parte de Espanha e chegaram a toda a Europa. A sua promoção levou já à criação do Museu da Pedra e aos bianuais simposiuns sobre a Pedra de Ançã. Mas ainda há muito caminho a percorrer.

Avila de Ançã situa-se a escassos quilómetros de Coimbra, fazendo parte do município de Cantanhede. Já os romanos aqui estiveram, mas atribui-se a sua fundação a monges beneditinos vindos no século VII de Itália. D. Fernando concedeu-lhe o primeiro foral em 12 de Dezembro de 1371, D. Manuel I aumenta-lhe as regalias, em foral de 23 de Junho de 1514. Foram donatários da vila os marqueses de Cascais e foi sede de concelho na época constitucional, tendo sido extinto em 1853.

Mas o que torna Ançã mais conhecida é a pedra que tomou o nome da povoação, divulgada através da estatuária por todo o país, pela Espanha e por grande parte da Europa e do Mundo. É um calcário oolítico, com 174 milhões de anos; uma pedra branca, sem veios, muito macia, facilmente trabalhável e que adquire uma patine lisa, simples, como se tivesse um leite hidratante, nas palavras do escultor José Plácido. Para além de Ançã, é extraída nas freguesias de Portunhos, Outil e Vila Nova, tomando o nome genérico de Pedra de Ançã; nem toda, no entanto, é utilizável em escultura.

Actualmente, das 40 pedreiras existentes, 20 encontram-se em exploração, tendo esta pedra uma utilização múltipla: desde brita para construção a pedra de cantaria, lintéis, lancis, de tanques para vinho (a menos porosa) até pedra para cal, de pó para correctivo agrícola a pedra para estatuária.

Esta pedra tornou Coimbra no principal produtor de escultura, desde portais e capitéis, até imagens, entre meados do século XIII e finais do século XVI, altura em que a madeira começou a ganhar o espaço da pedra.

Grandes escultores radicaram-se em Coimbra, tendo produzido obras notáveis: Mestre Pero, vindo provavelmente de Aragão, fez o túmulo da Rainha Santa Isabel, para além de várias Nossas Senhoras do Ó (Santiago de Compostela, La Coruña, etc); Gil Eanes, depois do flamejante portal da Batalha, regressa à cidade, como vários outros canteiros; João Afonso faz o túmulo de Afonso Góis, na matriz daquela localidade; Diogo Pires, o Moço e Diogo Pires, o Velho fizeram estatuária diversa; Nicolau Chanterenne, fez o portal e os túmulos dos reis D. Afonso Henriques e D. Sancho I para a Igreja de Santa Cruz; João de Ruão talhou a Porta Especiosa e o altar da capela do Santíssimo Sacramento da Sé Velha e o magnífico púlpito de Santa Cruz, para citar só alguns exemplos de alguns escultores, monumentos e obras.

www.mensageirosantoantonio.com

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